segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Pois é...

Caríssimo júri responsável pela decisão sobre o concurso para técnico superior de segunda classe, com a referência XXX

Não vou reclamar, vou antes deixar uma nota. Simples. Uma nota triste, porque não dizê-lo? Uma reclamação pode surgir sempre que uma pessoa se sinta defraudada com um resultado. Mas não quando a decisão é expectável. O que seria de esperar de um posto de trabalho, cuja oferta se resumiu a um anúncio de um dia num jornal local e ao aviso on-line igualmente breve, com um prazo mínimo e quase impossível de cumprir para a apresentação do currículo? Repito: UM DIA! Não me cumpre apelar à boa consciência de ninguém. Que os concursos são feitos à medida já todos o sabemos há muito, mas, por favor, qual o interesse de fazer de ignorantes todos os outros que, legitimamente, lutam por uma vida melhor? Fazendo-os perder tempo, gasolina, quilómetros, dinheiro em fotocópias e, para os mais inocentes, criando expectativas? Porque, vejamos, eu concorri, é um facto. Mas disse logo que seria excluído com base em coisa nenhuma. Infelizmente, muitos de nós sabemos disso de antemão. Sabia, aliás, que a lista de excluídos seria grande. Só não sabia que seria ENORME e que quase todos os candidatos seriam afastados pelas mesmas razões absurdas. E a prova é que:

a) Um requisito que passa por ter experiência naquela tarefa específica XXXXXX, reduz o universo para uma meia dúzia no País inteiro, a não ser que se esteja interessado numa pessoa que já cumpria essa tarefa. Tendo em conta o tempo disponível para ver e responder ao anúncio, automaticamente vedou-se a possibilidade a pessoas de sítios mais distantes. Não é nenhuma acusação, é um facto. São os chamados critério- fantasma, muitas vezes onde nenhum candidato encaixa, por maior o talento, a vontade e o profissionalismo. Como uma das exigências fosse ter usado uma camisola vermelha no dia 22 de Novembro de 2000. E ter de prová-lo.

b) Fazer prova dos conhecimentos de inglês e informática pressupõe que só quem tem um curso ou um papel assinado atestando este conhecimento é que o tem de facto. Se tal critério fosse de vital importância, haveria outros meios de o comprovar, nomeadamente através de uma prova oral ou escrita, uma vez que, além de ambas as áreas serem parte integrante dos cursos que muitos de nós temos, não é líquido que todos tenham as posses necessárias para transformar tal conhecimento em diploma específico.

Em suma, tenho pena. Que nem sequer ninguém tenha tido conhecimento atempado da constituição de um júri que se ficou num enigmático “a designar”. Como se não houvesse rosto ou nomes dispostos a assumir uma manobra que mais não quis senão renovar um contrato a mais um pobre coitado como nós, sem ter de o meter nos quadros da instituição.

Assim sendo,

Lamento, lamento, lamento.

Que este País seja assim e comece nas nossas instituições mais idóneas.


Atenciosamente,

Um dos candidatos.