quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Vamos apostar

Quando começará a sangria no jornalismo, de recibos verdes despachados em nome da crise e reformas antecipadas à força? Soube, por vias travessas, que há por aí um pasquim prestes a despachar um número bem redondo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Serei a única besta a reparar nisto???

Às vezes sinto-me um tipo pré-histórico. Por exemplo, de manhã quando estou a ouvir a Antena 3 (um péché-mignon que herdei dos tempos em que era alegre e jovem) e às 10h00 da manhã faço aquele exercício/jogo do 'descubra as diferenças' em relação ao noticiário das 09h00 que, por acaso, também calhou ouvir. Serei o único bicho raro a não conseguir discernir uma vírgula de variação entre um bloco e outro? Até aquele irritante "fulano tal aos comandos" repetido exactamente no mesmo tom desde 1997?!
Mas antes que me caiam em cima deixem-me fazer a ressalva: não é apenas ali naquele órgão de comunicação social que, diga-se de passagem, embora destinado à cambada mais jovem que por inerência não pensa (deverá ser essa a filosofia subjacente ao teor do referido jornal) é pertença e responsabilidade do Estado, logo deveria brindar-nos com o já proverbial e desaparecido em parte incerta serviço público (mas talvez a ideia seja mesmo essa: somos todos muito burros e precisamos que as noticiazinhas nos sejam servidas várias vezes e usando precisamente as mesmas palavras porque óssenão a malta não percebe e ópois chumba no 7º, 8º e 9º ano e a Milu vê ir por água abaixo as suas magníficas taxas de sucesso escolar - é isso!). Não, não é só na Antena 3 que o ouvinte é brindado com o bloco noticioso em versão playlist até cair de enjôo. Também a SIC Notícias e a RTP N (a TVI não consumo por isso não me pronuncio) são adeptas da clonagem informativa. O repórter dirige-se ao local do acontecimento (quando se dirige, mas este assunto ficará para outra posta). Recolhe som, imagem e, quiçá, se o precioso tempo o permitir e valores mais altos não se levantarem, alguns dados relevantes. Regressa à redacção o mais depressa possível e em todo o caso antes de se transformar numa abóbora. Monta uma única peça com o material de que dispõe. Uma só, uminha, que será passada no próprio dia no canal-mãe e no canal de notícias até que os seus mais fieis espectadores - mesmo os surdos - sejam capazes de a reproduzir vogal por vogal e consoante por consoante. E no dia seguinte, com um pouco de sorte, ainda temos direito à repetição da dita mas sem ser requentada - isso gastaria recursos preciosos à estação -, que é como quem diz: se a peça dizia "hoje" continua a ser "hoje" embora qualquer criança de quatro anos entenda que "hoje" passou a ser "ontem", mas, then, again, isso não interessa nada, não é? E se até os putos percebem, os adultos não precisam que lhes expliquem.

Devo ser um tipo mesmo pré-histórico mas quando (no tempo das cavernas) estudei jornalismo radiofónico o ancião que me dava formação e que só por acaso era uma referência no ensino deste meio em Portugal costumava dizer: "Peça editada é peça arquivada". Mas provavelmente é por eu ter estes conceitos ultrapassados que eles têm emprego, 13º e 14º mês e eu devo quase três anos de contribuições à segurança social (e ponho maiúsculas se me apetecer, nhanhanhanhanha).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O importante é parecer

Em Portugal, sê português. A partir de hoje, insulto e processo quem disser que sou jornalista. Eu sou um comunicólogo. Digam devagarinho e com respeito: co...mu...ni...có...lo...go!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Conversas com um ET

ET- Ó português, porque te queixas tanto, se tens um emprego?

Português- Tenho um falso emprego.

ET- Luta mais. Todos sabemos que o positivismo e o trabalho árduo recompensam.

Português- Neste País não.

ET- Então e o mérito?

Português- Não conta. Conta mais a cor política e a cunha.

ET- Mesmo se fores mau?

Português- Sim.

ET- Há sempre os concursos públicos, que analisam a pessoa pelo perfil, pelo percurso e pelas competências.

Português- Não. São feitos expressamente para meter o amigo. Ou então para conferir legalidade a uma situação ilegal. Contrata-se, despede-se, contrata-se novamente.

ET- Mas isso não é em todo o lado, certamente. O Estado é pessoa idónea.

Português- É em todo o lado, principalmente no Estado.

ET- Ó português, isso quer dizer que estais entregues à sorte?

Português- Basicamente.

ET- Tenho uma sugestão.

Português- Sim?

ET- Extermínio e recomeço.

Português- Ah.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Estratégias de marketing

Ou como arruinar um jornal centenário:

- Manter o clima de ameaça ao rubro.

- Pagar salários diferentes a editores a desempenhar a mesma função na mesma secção.

- Cortar privilégios

- Trocar chefes de umas secções para as outras, ao sabor das necessidades do momento.

- Passar colaboradores a editores, ao preço da chuva.

- Lançar boatos, de quando em vez, a anunciar despedimentos de centenas de pessoas, a fim de manter o terror e o pânico.

- Não conversar, exigir e desrespeitar gente com anos de trabalho.

- Não conversar, exigir e desrespeitar novatos.

-Não conversar, exigir e desrespeitar colaboradores, correspondentes, gente dos quadros, vai tudo à frente.

- Dar abraços compreensivos pela frente e fazer a cama por trás.

- Alterar as políticas editoriais para algo indefinido, uma qualquer amálgama de ordens hierárquicas, sem fio condutor e sem estratégia compreensível.


- Fomentar a maledicência e o mau ambiente.

No fim de tudo, criticar o mau ambiente, o desânimo, a falta de estratégia, as hipocrisias e as hierarquizações e as insubordinações da equipa.

Tipo efeito boomerang.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Parabéns

pela coragem. A todos os intervenientes da reportagem da SIC "O Contrato". Sobretudo ao João Pacheco, dos Precários Inflexíveis. Por ser uma voz sem medo. Por ter sido espectacularmente assertivo no discurso, quando recebeu o prémio. Por ser dos poucos que ousam dizer a verdade, neste universo podre em que todos fingem estar tudo bem, com medo de perder o emprego. Num universo onde, inúmeras vezes, os pretensos patrões nos fazem lembrar que jornalista que denunciaa sua precariedade é jornalista queimado na praça: jornalista que ganha dois ou três tostões, tem de sentir-se agradecido e ser subserviente, pois há muitos que querem trabalhar nessas condições.

O João tem razão. No início até era giro. Era o fio de um sonho. Anos depois, com talento ou sem ele, vemo-nos todos com a credibilidade obliterada. Até o brio que nos alimentou durante anos, começa a perder sentido. Na sociedade, as pessoas a partir das quais fazemos nascer notícias e reportagens, até nos respeitam, conhecem e sabem dos nossos méritos. Os colegas também. Recebemos prémios, cartas de agradecimento, envolvemo-nos em polémicas pelas cachas escritas. Fazemos o mundo à volta mexer. Mas who cares?. Para os recursos humanos, somos máquinas. Para os patrões, números. Para os editores, moços de recados. A mais recente "moda" que isola cada vez mais o profissional é o de acreditar sempre em quem nos desmente e publicar todo e qualquer direito de resposta, difamatório ou não. Não adianta implorar com garantias de verdade ou até provas físicas. O importante é deixar os "tubarões"sossegados. Aos poucos, o jornalista deixa de querer escrever temas fortes. Um dia, ficar-nos- emos todos pela inaguração da exposição do filho do patrão. Ou pela cor fabulosa com que a Lili Caneças pintou a bardaneja.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Assim como assim

Um assalto aparatoso, capuzes, armas. O jornalista corre para o local recolhe depoimentos do assaltado, das testemunhas, das pedras do chão, liga à polícia, quer uma reacção, um qualquer discurso directo oficial que abrilhante a coisa com os pozinhos mágicos da aldrabice, faz um texto extenso, à espera de um espaço digno para a peça... e não há espaço. Mete-se uma breve.

Um assalto aparatoso, capuzes, armas. O jornalista, desta vez, não vai na cantiga. Dá uma telefonadela para aqui, outra para o outro lado, faz um texto com o que tem e... está mal feito, que peça é esta, devias ter ido ao local, queremos discurso directo para fazer uma abertura de secção. Que porcaria de jornalista, dizem os editores, para que se ouça e corra toda a redacção até ao gabinete dos crânios.


Os critérios de importância são os da vontade do momento, que novidade. Os factos, esses, nem têm relevância nenhuma para o caso. Se a notícia merece mil caracteres ou três mil. Para o editor, em ambas as situações o jornalista é que não soube perceber a magnitude da ocorrência. No primeiro caso, por excesso. No segundo, por defeito.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lição de jornalismo

"Desculpa lá, mas no meu curso ensinaram-me que o jornalista não deve ter opinião" - interrompeu a I. Terá uns vinte anos de idade e um feitiozinho que lhe irá trazer bastantes dissabores se porventura vier a entrar numa redacção. Ou em qualquer local de trabalho. Até sei em que curso ela anda e francamente custa-me a acreditar que alguém lhe possa ter ensinado aquilo (a não ser que lhe tenham querido refrear os ânimos de menina que tudo sabe, fazendo uma espécie de bluff, tipo "pode ser que pegue e que por uns tempos ela aprenda a estar calada... quem sabe desta forma consiga manter, pelo menos, um estágio...").

Há já umas largas décadas que se abandonou, nas universidades, aquela teoria do jornalista "isento". Nem sei se alguma vez, desde que o jornalismo é "ensinado" ao nível da licenciatura, foi transmitida aos estudantes essa filosofia (pelo menos de forma dominante). Ninguém com dois dedos de testa acredita nisso. A busca da verdade, da transmissão dos factos sem os falsear, o estímulo para que se procure sempre apresentar o maior número possível de pontos de vista para uma determinada questão não significa de forma alguma que se pretenda que o jornalista abdique das suas ideias, opiniões e posições políticas. Antes pelo contrário! De outro modo, qual teria sido o papel dos nossos antecessores no combate à ditadura? E de todos os que, noutros países, se batem, às vezes pagando com a própria vida, pelo direito e pelo dever de informar?

Mas, then, again, talvez nos últimos 15/20 anos, o paradigma se tenha alterado novamente. E se queira adequar os futuros profissionais àquilo que os empregadores (aparentemente) procuram: jovens com pouca ou nenhuma capacidade crítica, sem opinião, incapazes de tomar uma atitude, nem sequer quando o que está em causa lhes diz directamente respeito. Uma geração de funcionários submissos e prontos a aceitar condições laborais e de remuneração que não o são, que não o eram há vinte anos. Condições que lembram, aliás, tempos anteriores à revolução industrial. Pronto, vá lá, contemporâneos desta. Acéfalos trabalhadores em cadeia cujo grau de especialização consiste em saber esticar ou encolher textos de forma a fazê-los caber em páginas pré-formatadas, com um conteúdo previamente encomendado e decidido em reunião de editores, quando não no departamento comercial da empresa. Sim, da empresa, pois trata-se tão somente de vender jornais, revistas ou quejandos como se poderiam vender chouriços ou salsichas. O melhor empregado é mestre na arte do enchido. Sabe como ninguém embalá-lo dentro de um de três celofanes coloridos e mui apreciados pelo patrão: Rosa-sexo, vermelho-sangue, amarelão-escândalo. Tudo o resto "não interessa nada". O espírito de missão, a função de denúncia são espécies em vias de extinção. Pesquisa? Investigação? Esquece lá isso, faz por telefone. E não demores muito que ainda tens de fazer vinte e três chamadas para saber o que a Babá pensa do novo visual da Xuxú (meia página). E ir à festa de lançamento do livro infantil da Pipi para adormecer criancinhas de tédio (página inteira). E dar a conhecer aos leitores a linha de cosméticos da Lelé, a hipercolunável cunhada em terceiro grau do administrador. Na compra de um frasquinho de 10 ml de perfume de azeda a 69 aéreos, está a contribuir com um cêntimo para a obra de solidariedade social da Totó, que por acaso até é prima da mulher do director comercial (página e meia).

Tens razão, I. O jornalista não deve ter opinião. Nem tomates. Nem coluna vertebral. Pensando bem, talvez devesse ser substituído por um robô...

Morreu a Rute Cruz

Quando previa um futuro brilhante e fantástico. Oxalá tenha tido, pelo menos, uma vida nesse tom.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Levantem-se, vá!


É HOJE!!!

Eu sei que já é um pouco em cima da hora, mas...


JORNADA EUROPEIA PELO JORNALISMO E PELAS CONDIÇÕES DOS JORNALISTAS

JORNALISMO – PROFISSÃO DIGNA, PROFISSIONAIS COM DIREITOS

DEBATE-TERTÚLIA 5 DE NOVEMBRO

Sede do Sindicato dos Jornalistas – 21 horas
(Rua dos Duques de Bragança, 7 – E – Lisboa, ao Chiado)

Apresentação do perfil sociológico dos jornalistas portugueses
pelo Prof. Doutor José Rebelo (ISCTE)


EM DEBATE

O Jornalismo está em transformação. Quem o transforma – os jornalistas ou as empresas?

Dizem que o paradigma mudou. Quem o mudou – o mercado ou os cidadãos?

Dizem que a legislação laboral é rígida. Quem pensa e age como no tempo da Revolução
Industrial – os patrões ou os trabalhadores?

Dizem que há liberdade de emprego. Quem manda na liberdade?

Os jovens não têm emprego e os seniores são expulsos das redacções. Quem ganha com a
disputa intergeracional pelo posto de trabalho?

Precariedade no Jornalismo: o que ganham as empresas e o que perdem os cidadãos.

OS JORNALISTAS TÊM A PALAVRA

Toca a escrever!!!

Camaradas (posso tratá-los assim? No meu tempo - e não sou assim tããaãõ velha! - os jornalistas tratavam-se entre si por 'camaradas'. Colegas eram as outras, as putas. O que explica muita coisa da realidade actual, diga-se), serve a presente posta para vos incitar a partilhar connosco as vossas histórias (ou estórias, nós aqui no Manuel somos democráticos, a não confundir com acordo ortográfico - quanto a isso sejamos claros: somos contra!). Escrevam-nos, contem-nos como o precariado influencia a vossa prática jornalística. Digam-nos qual é o vosso peso editorial nas redacções onde trabalham. De quem é, afinal, o poder do quarto poder nos dias que correm? À vossa disposição fica desde já o email: abestabestial@gmail.com. Não se esqueçam de especificar se querem ou não ser identificados, pois os vossos textos destinam-se, claro está, a ser publicados (e não é para isso mesmo que a gente escreve?!..)

Caríssimos editores

Disseram a uma colega minha que ela não tinha perfil de correspondente. Ora, expliquem-me lá isso que eu não atingi. Não ter o perfil certo:

É por ela não concordar com tudo?
É por ela não ser sempre pau mandado?
É por não conseguir ser tipo bola saltitona que devora quilómetros, caladinha e contente, sem ninguém lhe pagar despesas?
É não conseguir estar aqui e além, à velocidade da luz, tipo correio expresso, mas muito, muito mais rápido e ainda mais e mais eficaz?
É muito de vez em quando ter vida própria?
É porque de vez em quando se queixa?
É porque fala?
É porque é uma pessoa?
É porque faz chichi?

Pois. Têm razão. Mas que vaca rezingona.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pobre Ticha

A Ticha tem muitos anos de casa. Está nos quadros. Simples menina-mulher, ainda não foi atacada pela doença das hierarquias e gosta do que faz. Marca serviços com paixão e chora com as dificuldades da sua equipa. Tem saudades de andar no terreno. A editoria é cargo que não lhe enche as medidas, mas que aceita pelo bem do barco e dos tripulantes. Mas falta-lhe um je ne sais quoi. Devia ser mais cabra. Lamber mais cus. Engraxar mais botas. Estar no sítio certo. Caluniar terceiros. Não desdizer os primeiros. Quem sabe, deitar-se com alguém. Mas ela não. Dá o tudo por tudo na casa e depois regressa ao seu lar, para uma almofada limpa de remorsos. Vibra com as reportagens bem feitas, elogia os seus bebés. Raça em extinção. Talvez devessem era preservar-lhe os genes. Mas não. Encostaram-na a um canto, a fazer tricô jornalístico. E ela chora com saudades dos seus meninos.

Green, green

Os recibos verdes não podem ser mães. Não têm direito ao guito pago pela empresa. Nem a férias. Nem a faltas. Nem a doenças. Se não trabalham, não recebem. É o preço do pomposo freelancing de papel. Não são tidos nem achados nos processos da empresa, mas fazem parte do universo das tricas. Existem, mas não existem. Passam de bestas a bestiais no espaço de segundos. São o seu presente serviço, nunca o que fizeram no passado. Se negam um serviço, mas que merda de colaborador. Se levam com um direito de resposta, mas este caralho não sabe fazer notícias? Se fazem exigências, são ameaçados com o trajecto para a porta de saída. Se fazem umas coisitas giras e polémicas, mas com quem é que essa cabra se deitou?

Uns desclassificados, é o que é. O Zé Palinhas que é comercial atende o telefone e diz que não, não, esse senhor não é jornalista, está à peça, é melhor ligar mais tarde para um jornalista a sério. Em caso de tragédia que faz urgentes as mãos de todos, ó Miquelina tu não falhes esse serviço, faz coisa em grande, que o pedido veio da direcção. E a ralé cumpre e cala. Borrada de medo. Vem o Barbichas que é autarca pequenino e diz: estes jornaleiros ganham à peça, têm de fazer pingar sangue, nem que seja à custa de aldrabices. Mas se vier o camelo do semanário fazer reportagem recalcada sobre algo escrito centenas de vezes, é glorioso, ganha importância. Ganha este brilho megalómano que tanta falta faz ao País.

Simpósio dos sem pão

O Mário Sirigaia já perdeu a conta às suadelas na camisola pelo jornal. Deu o litro e o decilitro, sob promessas de que, um dia, ia entrar nos quadros. Uma miríade ao alcance. Mas afinal, outros ventos trouxeram uma equipa de cérebros do jornalismo que deixaram cair o éden. O homem viu-se sem perspectivas. Ainda lutou bravamente pela camisola até que se lhe esmoreceu o ânimo. Aos poucos, deixou de ser o abnegado para ser o realista. E deixaram de gostar dele, pois claro. O Mário anda apagado, dizem os geniais. O Mário devia era ir embora, dar o lugar às camisolinhas novas saídas das universidades cheias de ilusões. Meninos jornalistas com a babete por babar, em nome da paixão pela escrita. É deixá-los começar, pobrezitos. O Mário que se lixe com as suas exigências.

Microcefalia editorial

A Joana Ninguém é correspondente descentralizada. Coitada, olha que fado. Já não bastava não ter eira nem beira, não poder ser mãe ou ficar doente, ainda a tratam mal. Todos os dias ouve gritos. Histerismos sem cérebro. Editoras burras que dizem olhar pela empresa e não pelo capital humano. Dá-me a impressão que quanto mais gajas, pior. Nada as distingue das pedras. Não admitem que a pessoa tenha vida privada, uma festa, um aniversário ou um encanto. Esta geração de jornalistas está subtraída a uma vida digna por gajas e gajos, que já tendo sido colaboradores ou correspondentes, estão completamente anormalizados pelo sistema.