quinta-feira, 12 de março de 2009

Até sempre camarada

Olho para o teu nome no telemóvel e não sou capaz de o apagar.
Soube da tua partida por email. Da lista também constavas... A mesma lista que nos mobilizava para lutas comuns, apesar de teres um combate mais premente para travar. Que a puta da doença venceu. Mas a nossa luta, essa, continua. E a tua imagem serena estará lá, connosco. Como se ainda estivesses sentado naquele café do Chiado, conversando, rindo, dando o teu contributo, sempre marcado pela tranquilidade e pela pertinência*.

Até sempre, camarada.

*"O João foi um dos homens sérios que conheci (...)" escreveu Henrique Monteiro, actual director do Expresso;
"
Adeus João, e que a referência da tua integridade perdure e ajude todos os jornalistas que te conheceram a escolherem bem no momento das escolhas difíceis" foi a despedida do amigo José Manuel Fernandes, director do Público.

Porém, como bem recordam os blogs
Meditação na Pastelaria e Jornal do Fundinho (que não conhecia), ambos os que se despedem agora tão sentidamente, e muitos dos que te elogiaram agora que partiste têm a faca e o queijo na mão e tu estavas desempregado desde 2003. Dispensado, se bem recordo, pelo então administrador do grupo que detinha A Capital, teu "camarada", e cunhado que te disse não poder continuar a pagar-te o balúrdio que ganhavas, qualquer coisa como 1500 euros...

(posta 'actualizada' a 13 de Março)

4 comentários:

Joana disse...

Um jornalista na verdadeira acepção da palavra e um ser humano grande. Também tive o privilégio e partilhar com o João alguns desses momentos de luta e foi, sem dúvida, uma honra. Especialmente, porque a causa que abraçava de defesa do jornalismo e dos jornalistas era sobretudo a pensar nos outros. Fui surpreendida agora com a notícia e fiquei muito triste.
Abraço,
joanasp

O Manuel do Jornalismo disse...

Abundam exemplos de hipocrisias dessas, mas a postura do João é que começa a ser mais rara. Mesmo "encostado" sempre se bateu pelo jornalismo.

Nocturna disse...

É assim mesmo nos nossos dias .NO fundo, somos todos excelentes, mas no fundo , 10 metros abaixo da terra. Quando cá andamos , não contam as qualidades, a inteireza de carácter, o profissionalismo. Morremos : chegam as carpideiras que não mexeram um dedo para nos ajudar.
Descobri hoje este blog e entrei de mansinho; um blog falando de jornais e jornalistas não se deve perder. Eu volto.
Um abraço
Nocturnaq

Loira disse...

Claro, chega a ser escandaloso um jornalista ganhar 1500 euros... para quê? Há quem faça o mesmo por 500 ou até de borla. TRISTEZA.