pela coragem. A todos os intervenientes da reportagem da SIC "O Contrato". Sobretudo ao João Pacheco, dos Precários Inflexíveis. Por ser uma voz sem medo. Por ter sido espectacularmente assertivo no discurso, quando recebeu o prémio. Por ser dos poucos que ousam dizer a verdade, neste universo podre em que todos fingem estar tudo bem, com medo de perder o emprego. Num universo onde, inúmeras vezes, os pretensos patrões nos fazem lembrar que jornalista que denunciaa sua precariedade é jornalista queimado na praça: jornalista que ganha dois ou três tostões, tem de sentir-se agradecido e ser subserviente, pois há muitos que querem trabalhar nessas condições.
O João tem razão. No início até era giro. Era o fio de um sonho. Anos depois, com talento ou sem ele, vemo-nos todos com a credibilidade obliterada. Até o brio que nos alimentou durante anos, começa a perder sentido. Na sociedade, as pessoas a partir das quais fazemos nascer notícias e reportagens, até nos respeitam, conhecem e sabem dos nossos méritos. Os colegas também. Recebemos prémios, cartas de agradecimento, envolvemo-nos em polémicas pelas cachas escritas. Fazemos o mundo à volta mexer. Mas who cares?. Para os recursos humanos, somos máquinas. Para os patrões, números. Para os editores, moços de recados. A mais recente "moda" que isola cada vez mais o profissional é o de acreditar sempre em quem nos desmente e publicar todo e qualquer direito de resposta, difamatório ou não. Não adianta implorar com garantias de verdade ou até provas físicas. O importante é deixar os "tubarões"sossegados. Aos poucos, o jornalista deixa de querer escrever temas fortes. Um dia, ficar-nos- emos todos pela inaguração da exposição do filho do patrão. Ou pela cor fabulosa com que a Lili Caneças pintou a bardaneja.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
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1 comentário:
Não vi! Onde posso ver? Vou já à procura.
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