terça-feira, 4 de novembro de 2008

Green, green

Os recibos verdes não podem ser mães. Não têm direito ao guito pago pela empresa. Nem a férias. Nem a faltas. Nem a doenças. Se não trabalham, não recebem. É o preço do pomposo freelancing de papel. Não são tidos nem achados nos processos da empresa, mas fazem parte do universo das tricas. Existem, mas não existem. Passam de bestas a bestiais no espaço de segundos. São o seu presente serviço, nunca o que fizeram no passado. Se negam um serviço, mas que merda de colaborador. Se levam com um direito de resposta, mas este caralho não sabe fazer notícias? Se fazem exigências, são ameaçados com o trajecto para a porta de saída. Se fazem umas coisitas giras e polémicas, mas com quem é que essa cabra se deitou?

Uns desclassificados, é o que é. O Zé Palinhas que é comercial atende o telefone e diz que não, não, esse senhor não é jornalista, está à peça, é melhor ligar mais tarde para um jornalista a sério. Em caso de tragédia que faz urgentes as mãos de todos, ó Miquelina tu não falhes esse serviço, faz coisa em grande, que o pedido veio da direcção. E a ralé cumpre e cala. Borrada de medo. Vem o Barbichas que é autarca pequenino e diz: estes jornaleiros ganham à peça, têm de fazer pingar sangue, nem que seja à custa de aldrabices. Mas se vier o camelo do semanário fazer reportagem recalcada sobre algo escrito centenas de vezes, é glorioso, ganha importância. Ganha este brilho megalómano que tanta falta faz ao País.

2 comentários:

calamity jane disse...

De bestas a bestiais, algumas vezes. Poucas, pouquinhas. De bestiais a bestas é que é. Há sempre mais quem faça, e que interessa se faz bem ou mal? O que interessa é que mantenha a bola bem baixinha. Rasteirinha, mesmo...
Ass: a besta ;-))

Precários Inflexíveis disse...

citámos este post aqui:
http://precariosinflexiveis.blogspot.com/2008/11/jornalistas-recibo-verde.html