terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pobre Ticha

A Ticha tem muitos anos de casa. Está nos quadros. Simples menina-mulher, ainda não foi atacada pela doença das hierarquias e gosta do que faz. Marca serviços com paixão e chora com as dificuldades da sua equipa. Tem saudades de andar no terreno. A editoria é cargo que não lhe enche as medidas, mas que aceita pelo bem do barco e dos tripulantes. Mas falta-lhe um je ne sais quoi. Devia ser mais cabra. Lamber mais cus. Engraxar mais botas. Estar no sítio certo. Caluniar terceiros. Não desdizer os primeiros. Quem sabe, deitar-se com alguém. Mas ela não. Dá o tudo por tudo na casa e depois regressa ao seu lar, para uma almofada limpa de remorsos. Vibra com as reportagens bem feitas, elogia os seus bebés. Raça em extinção. Talvez devessem era preservar-lhe os genes. Mas não. Encostaram-na a um canto, a fazer tricô jornalístico. E ela chora com saudades dos seus meninos.

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